quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Carreira

Apesar de cada um ter suas particularidades, existe um consenso – reforçado por empresários, administradores e gestores – entre os diferentes setores que compõem a economia: falta gente. Não gente para ocupar cargos, até porque isso o Brasil tem de sobra, mas gente realmente apta a atender a demanda das empresas. E o problema não se restringe a um ou dois segmentos específicos. É geral. Dados da Fundação Dom Cabral, revelam que 92% das empresas brasileiras têm dificuldade de preencher vagas devido à escassez de mão de obra qualificada.
Essa realidade abre um precedente perigoso, pois ameaça o desenvolvimento econômico. Por outro lado, esta pode ser uma boa notícia para quem quer crescer. Isso porque, com a baixa oferta de profissionais capacitados, as empresas estão pagando mais – embora essa inflação de salários seja ruim para o mercado. Some-se a isso o bom momento da economia brasileira e os investimentos previstos no país nos próximos anos para eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Ou seja: só não desfruta dos tempos de vacas gordas quem não for qualificado.

Há alguns anos a diferença salarial de Santa Catarina para São Paulo chegava a 30%, 40%. O que percebemos hoje é que esta diferença caiu bastante, ficando em média em torno de 15% apenas”, analisa Paulo Sérgio de Souza, headhunter e diretor executivo da Eleva Consultoria em Capital Humano, especializada em processos de seleção estratégica. “Deve-se levar em consideração que o custo de vida numa capital como São Paulo é superior a uma cidade como Blumenau, por exemplo”, acrescenta.

O QUE ESTÁ EM ALTA

Há oportunidades quentes em praticamente todos os setores. O consumo em alta no país, por exemplo, torna o mercado favorável para profissionais de marketing e vendas. A febre dos sites de compras coletivas e o fenômeno das mídias sociais abriram 30 mil vagas para especialistas de marketing digital. A inteligência de mercado, atividade onde profissionais buscam antecipar tendências e o movimento dos concorrentes, também está em alta. Praticamente todos os cargos de TI tiveram reajustes para cima.

Outra área em franca expansão é a engenharia. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta um déficit de 75 mil vagas. Grandes projetos de infraestrutura – que incluem aí os investimentos para a Copa e as Olimpíadas – e o aquecimento do mercado imobiliário fazem este tipo de profissional ser um dos mais valorizados. Há também boas oportunidades para o mercado de combustíveis (petróleo e gás), advocacia, seguros e para os mercados automotivo e financeiro.
Especificamente em Santa Catarina, Paulo Sérgio destaca a demanda crescente e não atendida nas áreas de TI, vendas e Marketing e Engenharia. “Temos trazidos profissionais de outras regiões que veem o Sul como uma alternativa de melhor qualidade de vida, alinhada a boas oportunidades de carreira. Somente neste ano trouxemos para nossos clientes de Santa Catarina profissionais de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e até de Manaus”, conta.

COMO APROVEITAR?

A dica pode ser manjada, mas nunca sai de moda. Para deslanchar na carreira e conquistar um bom emprego, é preciso investir em formação profissional. E não parar de se capacitar. “Há estatísticas que mostram que a cada ano de estudo o profissional agrega em média 6% a mais em seu salário”, destaca Paulo Sérgio.
Para o especialista, a formação acadêmica é essencial, mas ela por si só não é suficiente. “A formação complementar em cursos técnicos e o domínio de línguas estrangeiras tornam o currículo bastante atraente ao mercado”, acredita Paulo Sérgio, que adverte: essas características ajudam a abrir portas, mas não garantem a contratação. De acordo com ele, competências comportamentais é que guiam a definição das empresas pelo candidato.

Capacidade de trabalhar em equipe, bom relacionamento interpessoal, comunicação assertiva, habilidade de dar e receber feedback, orientação para resultado, empreendedorismo, entre outras habilidades, pesam no momento do recrutamento. “Saber se vender, apresentar-se adequadamente, reconhecer seus pontos positivos e a desenvolver, ser capaz de mostrar a geração de valor que criou em desafios passados e demonstrar exemplos de como geriu são pontos que podem determinar sua contratação ou não”, avalia.

VALE A PENA TROCAR DE CARREIRA?

As altas cifras oferecidas por alguns ramos de atividade podem levar profissionais, em busca de melhores salários, a pensar ou até mesmo chegar a trocar de área. Vale a pena? Depende. Para Paulo Sérgio, essa é uma pergunta difícil de responder, porque há muitas variáveis envolvidas. O especialista lembra que toda troca de carreira ou emprego envolve um risco. “Pode não haver uma adaptação ao novo ambiente, ou uma inadequação com o novo chefe ou equipe, ou mesmo o ramo de atividade da nova empresa passar por período de baixa”, alerta.

Entretanto, uma mudança súbita de ares pode também ter seus efeitos positivos. “Todo o risco também pode trazer inúmeras vantagens, e o novo desafio pode trazer o cenário ideal para um salto na carreira”, diz o consultor. Apesar disso, ele é adepto de um estilo um pouco mais conservador. “Meu conselho é não trocar de emprego apenas por questões salariais, mas sim avaliar as demais variáveis envolvidas. Pesquise sobre o novo empregador, deixe claro suas perspectivas, amarre um contrato de resultados. Muitas vezes olhar o mercado pode ser um bom termômetro para repactuar suas necessidades com a empresa atual e continuar sua carreira nela”, orienta.



Adm.Antonio Carlos de Oliveira - Vox Magister

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